Nessa semana o entrevistado na Devoradora de Livros é Rodrigo de Oliveira, o escritor do livro O Vale da Morte pela editora Baraúna, será lançado no dia 28 de fevereiro em São Paulo.
Confira aqui a sinopse do livro.
Devoradora de Livros: Conte
um pouco sobre a sua história, sua carreira, seus gostos...
Rorigo de Oliveira: Posso dizer que de fato minha carreira foi uma verdadeira bagunça, hehehehe... eu
comecei estudando Publicidade e Propaganda porque desde sempre eu tive adoração
por escrever e imaginava que nessa carreira eu teria a oportunidade de
exercitar meu fascínio pelas palavras.
Porém, logo eu percebi
que se tratava de uma carreira muito mais complexa e disputada do que eu podia
imaginar. Na mesma época surgiu uma oportunidade para trabalhar na área da
tecnologia da informação, na qual eu não tinha nenhuma experiência, mas morria
de curiosidade de aprender. Ironicamente, eu iria trabalhar justamente numa distribuidora
de livros, com o suporte técnico do Dicionário Aurélio para computador.
Imaginei que seria uma
experiência temporária, mas já se passaram dezoito anos e eu ainda trabalho
como analista de sistemas. Porém, todo esse tempo cercado de números,
algoritmos e programas de computador foi insuficiente para esfriar o desejo de
escrever, era mera questão de tempo para eu criar coragem e escrever um livro,
isso sempre foi muito claro para mim.
Devoradora de Livros: Você
é de que cidade?
Rorigo de Oliveira: São Paulo, capital. Mas hoje moro em São José dos Campos com a minha esposa e os
meus dois filhos.
Devoradora de Livros:
Pode partilhar conosco o livro que está lendo?
Rorigo de Oliveira: Sinceramente, não estou lendo nenhum! É impressionante como o lançamento de um
livro consome tempo, tenho andado muito ocupado com a divulgação, detalhes do
coquetel de lançamento, últimos ajustes de capa e texto e assim por diante. E
eu tenho um problema sério, quando leio um livro eu não quero parar. Não quero
ser interrompido, não quero me ocupar de mais nada, preciso estar bem e com a
cabeça arejada. Para mim, ler é uma experiência sagrada e quem tem que ser
vivida na plenitude. Sou capaz de ficar sem dormir lendo um livro, mesmo tendo
que acordar às 5:30 no dia seguinte para trabalhar, é um vício incontrolável.
O último livro que li
foi “O Símbolo Perdido” de Dan Brown. Mas confesso que eu preferi o livro
anterior da série, “O Código Da Vinci”.
Devoradora de Livros: Quando
você começou a escrever?
Rorigo de Oliveira: Desde criança eu escrevia pequenos contos e quando tinha dezenove anos cheguei
a escrever grande parte de um livro, um projeto que nunca finalizei. E as
histórias de suspense sempre estiveram entre as minhas favoritas, nunca escrevi
nada que fosse leve e descontraído. Inclusive meus filhos ficaram muito bravos
comigo quando souberam o que eu estava escrevendo, hehehehe.. eles insistiram
que eu devia escrever histórias para crianças, que eles pudessem ler.
Devoradora de Livros: Como
surgiu a ideia de criar esse livro?
Rorigo de Oliveira: “O Vale dos Mortos” surgiu de um pesadelo que eu tive após assistir a
refilmagem do filme “Madrugada dos Mortos”. Não sei dizer ao certo porque
naquele momento o filme me marcou tanto, eu já tinha assistido o clássico
original de George Romero de 1978, e já conhecia a refilmagem de 2005, assinada
por Zack Snyder. Mas naquela noite foi diferente, eu sonhei com o filme a noite
toda.
Mas no meu sonho eu
reconstruí o enredo, mudei o final, acrescentei elementos. E quando acordei,
percebi que com planejamento e esforço, eu poderia criar algo completamente
novo.
A idéia passou a me
consumir, ela me perseguia dia e noite. Foi quando decidi que eu deveria
escrever um livro. Ou melhor, uma saga, seria impossível desenvolver todas as
idéias numa única obra. “O Vale dos Mortos” é o primeiro de uma seqüência de
cinco títulos.
Devoradora de Livros: Quais
são suas influências literárias?
Rorigo de Oliveira: São muitas! Não sei ao certo, mas seguramente já li mais de mil livros. Posso
dizer, porém, que minhas maiores influências são as obras de André Vianco e
Jorge Amado. O primeiro pelo estilo contundente, agressivo e sombrio. Já Jorge
Amado sempre me impressionou pela valorização do sexo feminino. Suas heroínas
são fortes, decididas e cheias de atitude, mesmo quando não são as personagens
principais. Aliás, eu considero “Capitães da Areia” uma das obras primas da
literatura brasileira, um livro publicado à quase 75 anos, mas que permanece
atual e cheio de vigor.
Devoradora de Livros: Qual
é o público que você deseja atingir?
Rorigo de Oliveira: Gostaria de atingir todos na realidade. Eu vejo “O Vale dos Mortos” como uma
obra de diversas facetas, que pode agradar perfis variados. Obviamente, um
livro sobre zumbis imediatamente é associado ao público mais jovem, e de fato
eles dominam as discussões no meu site e nas diversas webpages que abordam o
assunto.
Mas a violência, o
horror e a ação frenética não são as únicas molas propulsoras do livro e nem
mesmo as mais relevantes. Eu abordo também temas como liderança, trabalho em
equipe e a eterna luta do certo contra o errado, do bem contra o mal. E tudo
isso apoiado sobre uma bela história de amor.
Devoradora de Livros:
Como foi o processo de criação do livro? Quanto tempo durou todo o processo?
Rorigo de Oliveira: Ao todo, eu planejei o livro por quase um ano. Foi um planejamento tímido eu
admito, se tivesse aplicado mais energia teria sido mais rápido. Mas de fato eu
tinha atingido um patamar de amadurecimento significativo, quando comecei
efetivamente a escrever levei três meses para acabar o livro, e mais três meses
em revisões e ajustes diversos.
Como o trabalho da
editora consumiu mais três meses entre documentação, revisão ortográfica e
gramatical, diagramação e afins, ao final “O Vale dos Mortos” terá levado quase
dois anos para ficar pronto.
Devoradora de Livros:
Onde você buscou inspiração para escrever O Vale do Mortos?
Rorigo de Oliveira: Eu hesitei bastante para começar a escrever. Eu tinha tido aquela experiência
mal sucedida de tentar escrever um livro e tinha medo de não conseguir
finalizar outro projeto novamente.
Eu decidi encarar o
computador quando li um artigo publicado pelo André Vianco no site dele no
Facebook. Lá ele dizia que se uma idéia começa a te consumir de forma
insistente, então você está pronto e precisa escrever sobre ela.
E ele escreveu outra
coisa interessantíssima e muito verdadeira: a história guia o autor, e não o
contrário. À medida que se escreve, as idéias vão surgindo, se moldando e
ganhando vida própria. No final, a história conduz o escritor como uma amante
conduz um homem para a cama. Nunca irei esquecer esses conselhos, eu sempre me
lembro deles quando estou escrevendo.
Devoradora de Livros: O
que os leitores podem esperar do próximo volume?
Está sendo uma
experiência incrível escrevê-lo, até porque eu flerto mais com o sobrenatural,
algo que no primeiro livro é pincelado de uma forma bastante sutil e pontual.
Devoradora de Livros:
Quais são seus projetos para o futuro?
Rorigo de Oliveira: Além
de finalizar essa saga (que vai consumir alguns anos, hehehehe), eu ainda
pretendo escrever um livro de crônicas, uma coletânea de histórias que contam a
trajetória de alguns dos personagens do livro.
Também iniciei um livro
chamado “O Último Baile” que pretendo ir trabalhando devagar, sem pressa. Mas
infelizmente não posso dar detalhes sobre ele agora.
Devoradora de Livros:
Conte-nos em poucas palavras o livro O Vale dos Mortos que será lançado em
breve.
“O
Vale dos Mortos” fala da concretização de uma antiga lenda suméria na qual um
planeta é descoberto no nosso sistema solar e está em rota de colisão com a
Terra. Essa aproximação deflagra a epidemia dos zumbis, que arrasa a
humanidade.
Eu mostro como a praga
vai desintegrando culturas e governos em diversas partes do globo, mas enfoco
principalmente a luta de uma família de São José dos Campos tentando sobreviver
em meio ao caos. E assim surgem os líderes que irão guiar os sobreviventes em
um novo mundo, muito mais violento e incerto.
A grande mensagem que
eu procuro deixar é que as pessoas funcionam melhor em comunidade e cooperando
umas com as outras, essa é a chave para vencer todos os desafios.
Devoradora de Livros:
Para os novos escritores que estão adentrando no mercado, qual mensagem você
deixaria para eles?
Rorigo de Oliveira: Perseverança,
essa é a chave. Infelizmente vivemos num país em que ler é algo secundário e no
qual não existe apoio para os escritores,sobretudo os iniciantes.
Mas com força de
vontade é possível vencer distâncias. Gosto muito de um conselho que meu amigo
Ricardo Lucena me deu e que eu fiz questão de citar no livro: ele disse que eu
deveria escutar as críticas e agüentar firme, sem esmorecer. Não tenham medo de
errar e expressar suas idéias, é assim que se vai ao longe. E não aceitem que
digam que é impossível conseguir escrever e lançar um livro, risquem essa
palavra do dicionário.
Devoradora de Livros: Para
finalizar, qual é a mensagem que você gostaria de passar aos leitores da
Devoradora de Livros.
Rorigo de Oliveira: Quero
agradecer a cada um que dispôs do seu tempo para ler essas palavras. E peço que
todos dêem uma chance para “O Vale dos Mortos”, estou certo de que muitos vão
se identificar com o livro. Mais uma vez, não tanto pelas doses de violência e
tensão que permeiam a obra e eram, de certa forma, inevitáveis. Mas sim pelas
mensagens que eu procuro transmitir, e que ocupam um espaço cada vez maior nas
vidas de cada um de nós.
Um abraço enorme para
todos vocês!
Rodrigo de Oliveira
Conheça o escritor: "O Vale dos Mortos" e a obra de estréia
de Rodrigo de Oliveira. O autor tem 36 anos, é casado e tem dois filhos.
Reside em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Beijos,
Devoradores até a próxima semana ^^