sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Entrevista com Escritores #8 - Rodrigo de Oliveira



Nessa semana o entrevistado na Devoradora de Livros é Rodrigo de Oliveira, o escritor do livro O Vale da Morte pela editora Baraúna, será lançado no dia 28 de fevereiro em São Paulo. 

Confira aqui a sinopse do livro.










Devoradora de Livros: Conte um pouco sobre a sua história, sua carreira, seus gostos...

Rorigo de Oliveira: Posso dizer que de fato minha carreira foi uma verdadeira bagunça, hehehehe... eu comecei estudando Publicidade e Propaganda porque desde sempre eu tive adoração por escrever e imaginava que nessa carreira eu teria a oportunidade de exercitar meu fascínio pelas palavras.
Porém, logo eu percebi que se tratava de uma carreira muito mais complexa e disputada do que eu podia imaginar. Na mesma época surgiu uma oportunidade para trabalhar na área da tecnologia da informação, na qual eu não tinha nenhuma experiência, mas morria de curiosidade de aprender. Ironicamente, eu iria trabalhar justamente numa distribuidora de livros, com o suporte técnico do Dicionário Aurélio para computador.
Imaginei que seria uma experiência temporária, mas já se passaram dezoito anos e eu ainda trabalho como analista de sistemas. Porém, todo esse tempo cercado de números, algoritmos e programas de computador foi insuficiente para esfriar o desejo de escrever, era mera questão de tempo para eu criar coragem e escrever um livro, isso sempre foi muito claro para mim.

Devoradora de Livros: Você é de que cidade?

Rorigo de Oliveira: São Paulo, capital. Mas hoje moro em São José dos Campos com a minha esposa e os meus dois filhos.
 
Devoradora de Livros: Pode partilhar conosco o livro que está lendo?

Rorigo de Oliveira: Sinceramente, não estou lendo nenhum! É impressionante como o lançamento de um livro consome tempo, tenho andado muito ocupado com a divulgação, detalhes do coquetel de lançamento, últimos ajustes de capa e texto e assim por diante. E eu tenho um problema sério, quando leio um livro eu não quero parar. Não quero ser interrompido, não quero me ocupar de mais nada, preciso estar bem e com a cabeça arejada. Para mim, ler é uma experiência sagrada e quem tem que ser vivida na plenitude. Sou capaz de ficar sem dormir lendo um livro, mesmo tendo que acordar às 5:30 no dia seguinte para trabalhar, é um vício incontrolável.
O último livro que li foi “O Símbolo Perdido” de Dan Brown. Mas confesso que eu preferi o livro anterior da série, “O Código Da Vinci”.
 
Devoradora de Livros: Quando você começou a escrever?

Rorigo de Oliveira: Desde criança eu escrevia pequenos contos e quando tinha dezenove anos cheguei a escrever grande parte de um livro, um projeto que nunca finalizei. E as histórias de suspense sempre estiveram entre as minhas favoritas, nunca escrevi nada que fosse leve e descontraído. Inclusive meus filhos ficaram muito bravos comigo quando souberam o que eu estava escrevendo, hehehehe.. eles insistiram que eu devia escrever histórias para crianças, que eles pudessem ler.
 
Devoradora de Livros: Como surgiu a ideia de criar esse livro?

Rorigo de Oliveira: “O Vale dos Mortos” surgiu de um pesadelo que eu tive após assistir a refilmagem do filme “Madrugada dos Mortos”. Não sei dizer ao certo porque naquele momento o filme me marcou tanto, eu já tinha assistido o clássico original de George Romero de 1978, e já conhecia a refilmagem de 2005, assinada por Zack Snyder. Mas naquela noite foi diferente, eu sonhei com o filme a noite toda.
Mas no meu sonho eu reconstruí o enredo, mudei o final, acrescentei elementos. E quando acordei, percebi que com planejamento e esforço, eu poderia criar algo completamente novo.
A idéia passou a me consumir, ela me perseguia dia e noite. Foi quando decidi que eu deveria escrever um livro. Ou melhor, uma saga, seria impossível desenvolver todas as idéias numa única obra. “O Vale dos Mortos” é o primeiro de uma seqüência de cinco títulos.

Devoradora de Livros: Quais são suas influências literárias?

Rorigo de Oliveira:  São muitas! Não sei ao certo, mas seguramente já li mais de mil livros. Posso dizer, porém, que minhas maiores influências são as obras de André Vianco e Jorge Amado. O primeiro pelo estilo contundente, agressivo e sombrio. Já Jorge Amado sempre me impressionou pela valorização do sexo feminino. Suas heroínas são fortes, decididas e cheias de atitude, mesmo quando não são as personagens principais. Aliás, eu considero “Capitães da Areia” uma das obras primas da literatura brasileira, um livro publicado à quase 75 anos, mas que permanece atual e cheio de vigor.

Devoradora de Livros: Qual é o público que você deseja atingir?

Rorigo de Oliveira:  Gostaria de atingir todos na realidade. Eu vejo “O Vale dos Mortos” como uma obra de diversas facetas, que pode agradar perfis variados. Obviamente, um livro sobre zumbis imediatamente é associado ao público mais jovem, e de fato eles dominam as discussões no meu site e nas diversas webpages que abordam o assunto.
Mas a violência, o horror e a ação frenética não são as únicas molas propulsoras do livro e nem mesmo as mais relevantes. Eu abordo também temas como liderança, trabalho em equipe e a eterna luta do certo contra o errado, do bem contra o mal. E tudo isso apoiado sobre uma bela história de amor.

Devoradora de Livros: Como foi o processo de criação do livro? Quanto tempo durou todo o processo?

Rorigo de Oliveira: Ao todo, eu planejei o livro por quase um ano. Foi um planejamento tímido eu admito, se tivesse aplicado mais energia teria sido mais rápido. Mas de fato eu tinha atingido um patamar de amadurecimento significativo, quando comecei efetivamente a escrever levei três meses para acabar o livro, e mais três meses em revisões e ajustes diversos.
Como o trabalho da editora consumiu mais três meses entre documentação, revisão ortográfica e gramatical, diagramação e afins, ao final “O Vale dos Mortos” terá levado quase dois anos para ficar pronto.
 
Devoradora de Livros: Onde você buscou inspiração para escrever O Vale do Mortos?

Rorigo de Oliveira: Eu hesitei bastante para começar a escrever. Eu tinha tido aquela experiência mal sucedida de tentar escrever um livro e tinha medo de não conseguir finalizar outro projeto novamente.
Eu decidi encarar o computador quando li um artigo publicado pelo André Vianco no site dele no Facebook. Lá ele dizia que se uma idéia começa a te consumir de forma insistente, então você está pronto e precisa escrever sobre ela.
E ele escreveu outra coisa interessantíssima e muito verdadeira: a história guia o autor, e não o contrário. À medida que se escreve, as idéias vão surgindo, se moldando e ganhando vida própria. No final, a história conduz o escritor como uma amante conduz um homem para a cama. Nunca irei esquecer esses conselhos, eu sempre me lembro deles quando estou escrevendo.

Devoradora de Livros: O que os leitores podem esperar do próximo volume?

Rorigo de Oliveira: Estou agora na página 130 da continuação de “O Vale dos Mortos”. Se no primeiro livro eu tenho uma visão razoavelmente otimista dos fatos, na continuação eu invisto nos aspectos mais sombrios e cruéis de uma epidemia de zumbis. É um livro mais denso, visceral. Logo nas primeiras páginas eu deixo claro que os avanços e conquistas dos protagonistas no primeiro livro são insuficientes para garantir a segurança e a estabilidade.
Está sendo uma experiência incrível escrevê-lo, até porque eu flerto mais com o sobrenatural, algo que no primeiro livro é pincelado de uma forma bastante sutil e pontual.

Devoradora de Livros: Quais são seus projetos para o futuro?

Rorigo de Oliveira: Além de finalizar essa saga (que vai consumir alguns anos, hehehehe), eu ainda pretendo escrever um livro de crônicas, uma coletânea de histórias que contam a trajetória de alguns dos personagens do livro.
Também iniciei um livro chamado “O Último Baile” que pretendo ir trabalhando devagar, sem pressa. Mas infelizmente não posso dar detalhes sobre ele agora.

Devoradora de Livros: Conte-nos em poucas palavras o livro O Vale dos Mortos que será lançado em breve.

“O Vale dos Mortos” fala da concretização de uma antiga lenda suméria na qual um planeta é descoberto no nosso sistema solar e está em rota de colisão com a Terra. Essa aproximação deflagra a epidemia dos zumbis, que arrasa a humanidade.
Eu mostro como a praga vai desintegrando culturas e governos em diversas partes do globo, mas enfoco principalmente a luta de uma família de São José dos Campos tentando sobreviver em meio ao caos. E assim surgem os líderes que irão guiar os sobreviventes em um novo mundo, muito mais violento e incerto.
A grande mensagem que eu procuro deixar é que as pessoas funcionam melhor em comunidade e cooperando umas com as outras, essa é a chave para vencer todos os desafios.

Devoradora de Livros: Para os novos escritores que estão adentrando no mercado, qual mensagem você deixaria para eles?

Rorigo de Oliveira: Perseverança, essa é a chave. Infelizmente vivemos num país em que ler é algo secundário e no qual não existe apoio para os escritores,sobretudo os iniciantes.
Mas com força de vontade é possível vencer distâncias. Gosto muito de um conselho que meu amigo Ricardo Lucena me deu e que eu fiz questão de citar no livro: ele disse que eu deveria escutar as críticas e agüentar firme, sem esmorecer. Não tenham medo de errar e expressar suas idéias, é assim que se vai ao longe. E não aceitem que digam que é impossível conseguir escrever e lançar um livro, risquem essa palavra do dicionário.

Devoradora de Livros: Para finalizar, qual é a mensagem que você gostaria de passar aos leitores da Devoradora de Livros.

Rorigo de Oliveira: Quero agradecer a cada um que dispôs do seu tempo para ler essas palavras. E peço que todos dêem uma chance para “O Vale dos Mortos”, estou certo de que muitos vão se identificar com o livro. Mais uma vez, não tanto pelas doses de violência e tensão que permeiam a obra e eram, de certa forma, inevitáveis. Mas sim pelas mensagens que eu procuro transmitir, e que ocupam um espaço cada vez maior nas vidas de cada um de nós.

Um abraço enorme para todos vocês!
Rodrigo de Oliveira




Conheça o escritor: "O Vale dos Mortos" e a obra de estréia de Rodrigo de Oliveira. O autor tem 36 anos, é casado e tem dois filhos. Reside em São José dos Campos, interior de São Paulo.


Beijos,
Devoradores até a próxima semana ^^