quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

[Resenha] A vez da minha Vida - Cecelia Ahern



Características:

Autora: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Edição: 1/2012
Páginas: 384


Sinopse: 
Certo dia, quando Lucy Silchester volta do trabalho, há um envelope de ouro no tapete. E um convite dentro dele para se encontrar com a Vida. Sua vida. Pode soar peculiar, mas Lucy leu sobre isso em uma revista. De qualquer forma, ela não pode ir ao encontro: está muito ocupada desprezando seu emprego, fugindo de seus amigos e evitando sua família. Mas a vida de Lucy não é o que parece. Algumas das escolhas que fez — e histórias que contou — também não são o que parecem. Desde o momento em que ela conhece o homem que se apresenta como sua vida, suas meias-verdades são reveladas totalmente — a não ser que ela aprenda a dizer a verdade sobre o que realmente importa. Lucy Silchester tem um compromisso com sua vida — e ela terá de cumpri-lo.

Comentário:

Sou suspeita em falar sobre os livros da Cecelia, pois amo a escrita e as estórias e personagens dela, que de uma forma distinta e própria de cada livro acabam me tocando de uma ótima forma. 


Esse livro recente dela narra sobre Lucy Silchester, uma mulher de 29 anos, feliz, satisfeita consigo mesma e com seu trabalho, fumante, que gosta de sua vida de solteirona e de seu gato, o Senhor Pan, que tem orgulho do apartamento em que vive e curte muito bem sua maravilhosa vida ao lado dos amigos e da família.
Ok, eu menti.

Na verdade, Lucy é uma mulher que morre de vergonha do lugar em que mora, finge fumar para obter pausas extras em seu horário de serviço, pois não gosta de seu trabalho, e nem se sente a vontade em participar dos eventos da família. Ela é sempre a primeira a sair dos encontros com os amigos, foi largada pelo namorado de cinco anos, possui um carro que está sempre quebrando e é uma baita mentirosa.

"- O problema é que suas mentiras são construídas em cima de outras mentiras, não são? Você diz uma, daí tem que dizer outra. Se revela uma verdade pequena, tudo se desfaz, por isso você continua a construir elas..." Pág. 175.

Tudo bem, de início você até a julga mal por conta disso, mas com o passar da estória os motivos para essas mentiras acabam minimizando seu ruim conceito sobre Lucy pelo fato delas serem ditas.

Bom, Lucy sobrevive num redoma criado por ela, ignorando completa e totalmente sua vida, até que resolve aceitar um encontro com sua Vida, que lhe mandava diversas cartas que ela desprezava. E após esse encontro, as verdades da vida de Lucy, as quais ela havia empurrado para debaixo do tapete chamado consciência, vem aos poucos causando-lhe transtornos e diversas mudanças tanto em sua vida como na forma dela enxergá-la.

O livro é muito bom. É narrado pela própria Lucy, com um humor contagiante, cheio de diálogos sarcásticos e tiradas que fazem rir muito. Ele trata de um assunto importante e que muitas vezes esquecemos de parar para pensar pois estamos mais preocupados com nossa rotina corrida e nossos embates diários, trata dos propósitos e da forma como vivemos, enxergamos e damos valor a nossas vidas e às pessoas que a circundam. É repleto de lições, principalmente nas conversas entre Lucy e Vida.

"- Estou com raiva não só porque você não é feliz onde está, mas porque não consegue nem mesmo pensar aonde gostaria de chegar. O que eu acho... - ele, Vida, procurou pela palavra - ... triste. Não me admira que esteja presa numa rotina.

Pensei em meus sonhos, desejos, em minhas ambições e onde queria estar que me fizesse sentir melhor do que estar aqui. Não consegui chegar a lugar nenhum." Pág. 196.

Lucy é uma personagem divertida, extremamente cativante, muitas vezes sucinta, cujo jeito nos provoca empatia. Já Vida não é diferente, afinal é a como a alma gêmea da Lucy, só que em vez das mentiras prefere apenas as verdades, e a mini batalha entre esses dois por conta disso nos propicia grande diversão. O constrangimento que Lucy passa devido a isso me fez pensar o quanto ela mereceu isso por ser tão mentirosa.
Ok, eu menti.
A verdade é que me fez sentir dó dela.

"- Feliz agora?
- Estou me sentindo um pouco melhor. - Vida responde.
- Quanto mais faço o melhor por você, mais machuco outras pessoas. Quanto isso é bom para mim?
- Agora, não muito, mas, passado tudo isso, vai ter valido a pena. Eles só precisam conhecer você.
- Eles me conhecem.
- Nem você se conhece, como pode esperar que a conheçam?" Pág. 169.

Além deles, há outros personagens muito bons e de grande personalidade, como Riley, o irmão bem humorado de Lucy, e o qual a mãe dela, uma senhora que de início pensei ser uma típica perua mas que é uma maravilhosa e adorável pessoa, acha ser gay. Don, que aparece de uma forma inusitada na vida de Lucy, e é tão encantador e divertido quanto ela, que nos faz sorrir de forma extasiada pelo seu papo e jeito de ser. Além dos vários amigos simpáticos de Lucy e sua vizinha estranha, a Claire.

E para terminar...

"Enquanto você está por aí, sua vida também está. Assim como você derrama amor, carinho, atenção sobre seu marido, sua esposa, seus pais, filhos e amigos que o cercam, tem que fazê-lo igualmente com sua vida, porque ela é sua, é você, e está sempre lá dando força para você, torcendo por você, mesmo quando você se sente fraco. Desisti da minha vida por um tempo, mas o que aprendi é que, mesmo quando isso acontece, e especialmente quando isso acontece, a vida nunca, jamais, desiste de você. A minha não desistiu. E nós estaremos ali, um pelo outro, até os momentos finais, quando vamos nos olhar e dizer: "Obrigado por ter ficado até o fim!"
E está é a verdade." Pág. 383.

Espero que só por isso entendam o porque de eu ter gostado muito do conteúdo e da estória desse livro.

Fica a dica!

Classificação do livro: